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Friday 23 November 2018

A Fragrância da Generosidade


Poderia ser um dia comum. Sol escaldante. Brisa vulcânica.
Era uma quarta-feira. Meio dia. Se aproximava o horário de almoço.
Eu estava na porta de casa entretido assistindo a um vídeo na tela
de um celular.

A 20 metros de distância de onde eu estava uma mulher havia dobrado
a esquina e seguia em frente rumo a uma parada de ônibus. Apesar dos detalhes da descrição eu não presenciei de início a sua movimentação.
Porém, não pude deixar de sentir e apreciar o suave e doce perfume
transportado pelo vento que dela emanava e me tomava de assalto
mesmo estando a mais de 70 metros de distância.

As fragrâncias costumam me transportar para episódios/vivências
passadas. Mas não desta vez. Porém, me dei conta de que havia sido
sequestrado da monotonia cotidiana que mais se parece com uma
sombra a me perseguir. Tal qual um silencioso monólogo eu me
encontrava confabulando sobre a importância da harmonia entre
as vestes e a higiene pessoal.

Alguns minutos depois eu estava de volta entretido com o vídeo que
estava assistindo. Logo em seguida, Dona Luiza surge na porta de
casa e coloca na calçada os restos crú, aparentemente não
comestíveis, 
do frango que ela preparava para o almoço.
Perguntei: "onde a senhora vai colocar isso?". 
"Vou deixar aqui para os 'bixim' comerem", ela respondeu.

Eu até resmunguei baixinho como que reprovando aquela atitude.
Minutos depois, a não mais que 3 metros de mim pousava um urubu.
Olhei para o céu e avistei mais uns 5 urubus.
E logo todos eles se deliciavam de um suculento banquete de
resto de frango crú.

Já não havia mais eu. Estava em outro lugar. O barulho de carros
e pessoas conversando não estava mais lá. Fui tocado por outra
espécie de brisa. Não com o olfato mas através de outro órgão
senti, apreciei, contemplei por alguns instantes a fragrância
indescritível da generosidade daquela cena.

Fui resgatado do entretenimento barato!




Saturday 8 September 2018

May He raise again


May He rise again!
He always does.
Clouds, come and go.
They may even block the eternal flow for a while.
However, aren't they the sources of true love?
For how would we ever know He was always up there
if we wouldn't miss Him once in a while?

Perhaps that's so we get to know Him better.
Perhaps that's so we get to value Him better.
If truely accepted and appreciated 
what else can they bring besides life itself?

So let them come and go.
The whole beauty and greatness of the picture wouldn't be fully
appreciated without each and every single detail in it.
For even what seems to be pain is nothing but love.  


 

Wednesday 23 May 2018

A World of Strangers



Portrait of two unknow characters by Eustaquio Carrasco


Then, I begged to have no pain.
All of a sudden I had no gain.
The taste of meals,
The breeze on my face,
The necking of your hands,
The touch of your lips,
It was dark and cold.
It was all gone.

I could not stand living that way.
I was to shoot myself but that was in vain.
Soon, an inner force came to light.
I was then introduced to a world of strangers.
Foreigners that came with me from the begining.
I had to interact with those, my friends.
I had to learn from those, my teachers.

There was Bob, for instance, quite and still.
He was the oldest among them. Watching over them all while they all play.
Vincente, a lazy ass. He could berely move.
Daniel, such a dreamer, spaced-out in fantasy.

Luis, a short-tempered one.
One would easily get mad on him for the sake of his rudeness.
Jason, a constant observer, detective-like.
He would not rest till he had found out a meaning to any and every movement detected.

Pedro, such a pervert. Jason was aware of him.
Jason would even close his eyes not to allow him glance at a girl's.

Jane, the only famale character I could see at that point, was a diplomat born.
A balancing point among those clumsy buddies. She loves arts and nature.

Episodes from an underground city under construction.



Sunday 20 May 2018

Redenção





Vida, que queres agora? Tendes piedade de mim! 
Eu, que a duras penas me esbarro por Tuas paredes inquebrantáveis. 
Eu, que por te desconhecer, te desonro.

Convicto de, por um instante passageiro, ter ouvido de longe a Tua firme e, ao mesmo tempo, suave voz de Sabedoria. Tu, que com um único verbo encheu minha pequenina taça como se atendesse a instantes de secas longínquas.

Agarrarei Teu grande dedo mindinho com força sem igual.
Levanta-me dessa lama grudenta que resiste em ser removida.
Tenho sede de me banhar nas Tuas Bondosas águas eternas.