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Tuesday 3 October 2017

A Arte de Ser Criança



    No Jardim da vida as crianças são as mais belas flores. Elas, sim, são e estão no aqui e agora. Sempre no presente momento, elas vivenciam com cem por cento a alegria e a tristeza, a dor e o prazer. Que saudade de chorar intensamente sem a jaula dos pensamentos alheios. Que saudade de me perder no tempo e espaço da longa gargalhada. Que saudade de errar sem me ferir com a arma letal do auto-julgamento.
    
     Quando criança eu sorria ao errar. Hoje eu lamento só em pensar. Elas, sim, são o que são sem resignarem-se a onde e como estão. Elas não precisam cambiar a todo instante as máscaras da 'identidade'. Elas, sim, são doutoras na arte de perdoar. Hoje eu sou inflamável. Basta tu apontar onde eu errei e logo eu te amaldiçoarei. Quando criança eu não me condicionava a eventos do passado e muito menos do futuro. Hoje não consigo me desvencilhar do ressentimento de quando um conhecido me "deixa no vácuo", de quando sou rejeitado, de quando sou 'magoado'.

      Hoje, aprisionado a acontecimentos futuros, deposito minha felicidade no término do ensino médio, ou da universidade, ou da pós-graduação, ou quando eu passar num concurso público, ou quando eu tiver uma namorada, ou quando eu tiver um carro, ou quando eu fizer aquela tão sonhada viagem, ou quando eu me aposentar. Quando criança não me condicionava ao teu julgar e muito menos a te julgar. Hoje tenho medo de me expressar. Hoje estou fadado a te agradar - são demandas externas de como me comportar.

      Quando criança eu aceitava e amava a todos e todas sem distinção. Hoje só interajo a mesma visão. As crianças são livres e autênticas a todo instante. Porém, vem o adulto no meio do caminho. Que a cada instante a criança que habita em mim possa desabrochar para o jardim da vida.